Fotografar é espiar no melhor sentido da palavra.
Melhor porque espiar é, antes de mais nada, observar, acompanhar com o olhar sem fazer questão de demonstrar que se está observando. É ver sem ser visto e daí extrair toda a naturalidade do que se observou e captar a essência de todas as coisas. É fazer do óbvio, o extraordinário.
Um fotógrafo apaixona-se pelo que vê através da lente. A lente é seus olhos, sua máscara, sua roupa, sua vontade de ver e gritar que viu. Um fotógrafo é sempre um voyeur, um exibicionista tímido que não quer ser revelado tão facilmente. Ele observa todas as sutilezas ou obviedades diárias e decide aquilo que quer congelar na sua memória e no tempo. Delicadezas...
Um fotógrafo separa o joio do trigo, vê a luz nas sombras, o minúsculo no grande e a grandeza no mínimo. Ele ensaia mesmo sem a câmera, pois está sempre alerta, em eterna aprendizagem.
Um fotógrafo é capaz de ver um só girassol em um canteiro de girassóis e, perplexo, dizer: o amarelo é realmente uma cor linda.
Abaixo, cores bem misturadas pelo caldeirão da natureza. Experiências e experimentos Divinos.
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